sábado, 31 de janeiro de 2009

Um outro eu


Sou o vento que percorre as matas selvagens, sou o galope sublime e furioso do lobo, sou a estrela que às damas encanta e aos tolos hipnotiza, sou a sombra em busca de respostas, sou o céu que brilha com seus lindos azulejos azuis espelhados mas esconde uma sombra de cores entre pó de estrelas, sou o olho que esconde os desejos profundos, sou o rio que corre sendo cortado por pedras dividindo-se em caminhos chamados escolhas, sou aquele que ama as coisas simples, sou a ira contida esperando para ser expandida, sou o garoto ingênuo esperando o seu mestre, enfim sou mutável, sou tranquilo, sou aquele que cativa, eu sou...


Mente Ativa

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Áridos olhos



Porteiras velhas.
Caminhos surrados pela poeira.
O marrom que empesta a paisagem se reflete nos olhos do povo que sofre com o sol que castiga sem dó.
Apesar de tudo cultivam uma sublime esperança, pude observar que apesar das fronteiras que o dinheiro sempre persiste em ultrapassar em alguns lugares a simplicidade ainda existe.
E que simplicidade, apesar da vida precária, corre nessa gente o sangue de luta, o suor do esforço que frutifica as plantações.
Chuva em abundância é glória alcançada que cai dos céus, o acinzentar do céu já renova a esperança desse povo tão castigado que prefere alugar seus corações para a sinceridade e hospitalidade ao invés de ganância e inveja.
Cactos ainda resistem e estendem seus vários braços aos céus em sinal de graça.
A terra demonstra sede com seus lábios rachados.
A única coisa nesta exuberante paisagem de fauna e flora inigualáveis que nunca seca é o sonho dessa gente tão lutadora que nunca cansa em abrigar esperança em seus corações.
Com áridos olhos foi tudo que pude observar.
E estou satisfeito.


Uadi

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009


No topo em que me encontro o sol não brilha.
Mais abaixo pessoas caminham.
Suas faces reluzem, é o sorriso.
Amaldiçoei meu destino desde jovem.
O que Ele realmente espera de mim.
Caminharei sozinho até essa luz se extinguir.
Vocês retornaram, mas porquê?
O homem dentro da cela se aquieta, a loucura já o tomou por completo.
Por quê não vejo sorrisos nesse espelho?
No fim de tudo a dor é uma só.
Pior é saber que não tem como fugir.
Muitos apostaram, muitos perderam.
Com olhos cerrados observo o mar e solto palavras ao vento.
Onde estarão aquelas pessoas que tanto esperei?
Um marinheiro estende o braço num sinal de adeus aos seus sonhos naufragados.
Por tudo que lutei, por tudo que não aproveitei, alimentar simples sonhos e vê-los serem incinerados sem dó podem te transformar numa casca vazia.
Todos temos momentos ruins, mas por que ele findam sempre em me perseguir mais que o normal?
Queria não mais escrever sobre isso, mas estou percebendo que é minha sina.
Agora vou embora, a estrada está terminando, para um novo começo.
Ou abismo...


Uadi

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Natureza: simples e expressiva


O balançar de uma palha por um vento sereno, o céu azul entrecortado por cinzas nuvens, os rastros do sol deixados após o crepúsculo, os vívidos pingos da chuva.
Nada disso poderá ser vivido ou sentido pelos olhos que passam apressados, desviando suas mentes da sensível natureza manifestada por simples gestos imperceptíveis a tais olhos.
Ali! Ali está a vida.
Longe do caos chamado vida.
Eu vivo. Porquê sou tocado por cada um desses gestos, são eternas inspirações.

Uadi

domingo, 11 de janeiro de 2009

Fractal


Estilhaços de cores e misturas de formas transportando você a uma transcedente viagem.
Turbilhões geométricos, choque de luzes, uma sinestesia fotografada.
E você, o que vê?


Uadi

sábado, 10 de janeiro de 2009

Luz vermelha em meus olhos


Na noite silenciosa, nem todos calam, luzes vermelhas circulam em busca de algo anormal, mas o que realmente é normal para eles?
Botas pretas correm ruas, descem morros e adentram esquinas, o cano da arma escolhe a primeira vítima que sem tempo para pensar já é recepcionado com um pontapé no meio do rosto, cai atordoado enquanto outros (quando se tem) olham apavorados.
Os homens fardados riem, acreditam estar cumprindo seu papel, e vão dormir tranquilos aceitando aquilo que lhes foi imposto para acordarem e sem escolhas a fazer correr atrás dos que nunca dormem com medo que um dia os botas pretas os peguem.
Se houvesse igualdade acredito que isso talvez nunca tivesse de ser relatado, os homens fardados são apenas subordinados de monstros de intolerância humana maiores.
Que modo mais estranho de se conseguir o pão de cada dia, mais estranho até do que roubar.
E não adianta o governo mostrar os novos cavalos de aço para iludirem a população com um falso desenvolvimento, pois enquanto homens fardados se vangloriam do posto que tem ou que almejam ter algum dia, mais barrigas vão continuar a grunhir e corpos a gemer sem culpa de estarem naquela situação mas cientes do governo de nada que tem.
O buraco nessa camada está bem mais acima, nos planaltos da vida, onde homens burlam e criam leis para benefícios próprios quando bem sabem que o sol que vêem a cada dia nascer não brilha em todas as esquinas onde corpos sem a mínima ciência de que o sol que vêem naquele dia poderá não ser observado no dia sucessivo.
Corpos vazios e mentes desertas, é só isso que muitos políticos precisam.
E conseguem.


Uadi