sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A morte como começo, a vida como fim.


Indago-me sobre a morte o medo que as pessoas cultivam da dita cuja.
Ficamos momentaneamente felizes com o nascer de alguém mas nada nos marca tanto quanto a perda de um ente querido.
Morte, a única certeza da vida, por que a tememos?
Por que ela é a razão da maioria dos nossos medos?
Por que ao nos encontrar no fundo do poço, ela é a primeira a nos consolar?
Fato é que uma dia já fomos um mero embrião e nas sucessivas fases já se prevê o que virá, o desafio está lançado para quem conseguir provas concretas a respeito do que nos espera além desta porta no fim deste estreito corredor que nos liga à sala chamada vida.
O que dá o direito de alguém nos roubar todo o conhecimento e nos deixar em repouso eterno no paraíso ou sofrimento eterno no inferno? Creio eu estarmos aqui para aprender mesmo, os néscios persistentes no erro que morram buscando uma falsa luz, os sábios padeceram na obscuridade graças a eles.
Posso eu estar aqui só a declamar asneiras, mas para mim o mistério da morte está muito além do simples conceito de céu e inferno assim como o da vida vai muito além de um mero Big Bang.


Uadi

2 comentários:

Silvia /('.')\ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Silvia /('.')\ disse...

também penso assim como você escreveu,a morte é um mistério muito maior do que este profetizado em religiões e ciências.
-quero deixar aqui um texto que acho interessante sobre a indagação da morte, espero que goste.

....O sujeito lá do fundo pede mais uma cerveja,
para mim ainda bem, assim não preciso censurar-me
por também sorver uma nessa altura.
Pensa-se logo que se está contaminado,
eu li mesmo numa revista americana
que cada cigarro encurta a vida de trinta e seis minutos,
eu cá não acredito, possivelmente a indústria de coca-cola
ou uma fábrica de pastilha elástica estava por detrás do artigo.
Uma vida normal, uma morte normal
também não é nada. Também uma vida normal
leva a uma morte doente. Sobretudo a morte
não tem nada a ver com a saúde e a doença,
serve-se delas para os seus próprios fins.
O que é que você acha: a morte nada tem a ver com a doença?
Quero dizer: muitos adoecem sem morrer,
portanto aqui há qualquer coisa diferente,
um fragmento de dúvida,
um fator de incerteza,
a morte não está tão claramente delimitada,
também não tem foice,
observa, espreita do canto, refreia-se mesmo
e é musical numa outra melodia.
Gottfried Benn.

"Quando alguém morre apurasse o ouvido em busca dum indício."
Albano Martins