segunda-feira, 17 de novembro de 2008

As mãos que regem as lágrimas




Vejo, em um lugar distante, bem distante.
Em um castelo envolto de nuvens negras e sombras.
Uma pequena criança a expôr seu choro nas escadas solitárias.
Qual o motivo de tal sentimento agônico?
Passos se aproximam da escada,e uma voz senil profere as tais palavras: -É tarde demais, pobre garota, as mãos que outrora afagavam tua cabeça se foram.
-C'est la vie garota,acima de nós as mãos que regem o destino não mencionam detalhes na sua
vinda.
Ao subir da escada, num quarto frio e sombrio, soa um orgão que produz um triste requiém. Música e pranto se entrelaçam formando a mais bela e fúnebre sinfonia, mas por quê agora? Respostas haviam de vir, cedo ou tarde, neste ou em outro plano.
E a senil voz retorna aos seu dizeres: -Tu não te lembras pobre criança,dos jardins de Luvitz?
-Sim, tu te lembras muito bem, ainda posso ver em teus olhos o brilho das flores daquele antigo
jardim perfumado, lembro-me da mãos que colhiam as risonhas flores.
Por quê isso teve fim?
As mãos que nos regem, fazem mais do que isso, linda criança, elas guiam nossos
sentimentos,pré determinando sempre o que há de vir.
Enxuga tuas lágrimas e levantas minha querida, nuvens negras sempre estarão prontas a vir em nossas vidas, mas lembre que tudo nesta curta vida é não mais que mutável.
Sim, o sol há de nascer irradiante amanhã, chora por aqueles que partiram mas lembra-te que
teus olhos vos guiarão e sempre haverá mãos para afagarem tua cabeça e compartilhar contigo os infinitos sentimentos e caminhos que esta enigmática e dúbia vida irão nos trazer.
-Vem, pegas minha mão, já não estais só, de lado deixa teu pranto, vem, que as flores dos jardins
de Luvitz tornaram a sorrir, as mãos que vão colhê-las podem voltar a fazer este apagado sorriso ressurgir.
Não temo as mãos que regem as lágrimas porquê sei que elas também regem milagres,e acima
de tudo...
Felicidade.

*Luvitz - lugar fictício criado pelo autor.



Uadi

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